26 de fevereiro de 2007

 

Modelos

Troca de mensagens com um amigo, Jorge Matos, professor do ensino superior. Escreveu-me:
Uma pergunta ingénua... ou, se calhar, provocatória. Antes do mais, é uma pergunta pessoal sem consequências.

De que modelo universitário saiu a revolução científica do século XX? Ou, se preferirmos, poderia fazer a pergunta assim: de que modelo universitário saíram as mais profícuas produções do pensamento do século XX?

E faço a pergunta (com um ar tão ingénuo quanto me é possível) porque me está a parecer que a resposta não está em Harvard nem em Oxford. Ou estou enganado?
Respondi:
Questão importante. A meu ver, do modelo humboldtiano e, particularmente, das universidades alemãs. O grande sucesso americano está na capacidade de resistência e de assimilação da massificação do pós-guerra, por fazer conviver bem uma grande diversidade institucional, que garantiu instituições de qualidade.

Claro que Oxford e Cambridge também desempenharam um grande papel logo desde o fim do séc XIX, mas isto não nega o que disse, porque, primeiro, o seu modelo newmaniano está bem próximo, no essencial, do modelo humboldtiano. Segundo, porque também tem alguma características bem distintivas em relação ao americano.

O que é que acha desta minha opinião?
Réplica de Jorge Matos:
A sua resposta corresponde exactamente aquilo que eu pensava.

Fiz-lhe a pergunta na sequência de uma conversa com um amigo meu que chegou agora dos Estados Unidos, onde esteve a fazer um conjunto de conferências. Ainda lá, enviou-me um mail onde falava das excelentes condições de trabalho que encontrou, e com essa observação desencadeou, em mim, um conjunto de reflexões que culminaram com a pergunta que lhe fiz.

Não sei ainda quais são as condições de que falava ele, mas posso adivinhar algumas. Ele é professor em Letras e deve ter-se deparado com uma panóplia
de meios e disponibilidades a que não está habituado.

Para começar, deve ter constatado que na América não se usam/esgotam pessoas doutoradas em trabalhos administrativos de rotina, num processo que classifico do mais absurdo que se pode imaginar. Depois deve ter visto trabalho de equipa e meios para o fazer, o que resulta de uma "revolução tecnológica" que nós achamos que compreendemos mas usamos mal. Essa "revolução" tem o centro na América, mas não tem nenhum Einstein, propriamente dito (passe a metáfora).

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