1 de março de 2007

 

Agitação na Grécia

Distúrbios graves, violência, numa manifestação de estudantes universitários em Atenas. Protestavam contra duas medidas propostas pelo governo: introdução de um regime de prescrições e redução do peso dos estudantes nos órgãos de governo universitário. Lá como cá, mas ao menos (ainda?) não se chegou cá a consequências dessas.

Também lá como cá, a participação de alguns professores, mas, segundo a notícia, principalmente activistas sindicais. Estranhas alianças.

Pergunto-me é o que são de facto as motivações para a agitação estudantil. Felizmente, as prescrições só afectarão uma pequena percentagem de estudantes. A "perda" de influência nos órgãos de governo, sabem eles o que é, quando, se for como cá, os estudantes, nas reuniões dos senados, entram mudos e saem calados?

Declaração de interesses. Quem escreve isto foi dirigente associativo, nos anos 60, e nunca pensou em fugir a prescrições. Pelo contrário, como se prova com tantos casos, era ponto de honra (e até de defesa pessoal) ser-se bom aluno quando se era dirigente associativo.

Comentários:
É de facto uma pena que um ex-dirigente como o senhor, diga semelhante coisa sobre a prestação dos estudantes nos órgãos de gestão e de governo da universidade. Devia certamente ver o exemplo de Coimbra onde os Estudantes, não só garantem muitos quoruns, como são uma voz activa e participante nos destinos da instituição.
É sem dúvida uma pena. Mais ainda, é grave que não se apercebam ,os que defendem a retirada dos estudantes dos órgãos, como estes ficarão mais pobres...
Mas aquilo que é mais grave ainda é o facto de recorrerem a argumentos falaciosos. Se muitos estudantes entram mudos e saem calados, muitos mais ainda são os docentes que o fazem.
Perdoem-me esta expressão de revolta e se calhar menos educada mas, é uma vergonha!
 

 

Subscrevo inteiramente o comentário anterior. Mas talvez mais grave do que como ex-dirigente estudantil, considero a sua posição como actual professor. Acha, de facto, que os estudantes (todos maiores de idade) são incapazes de colaborar na gestão de uma Universidade? E será através de um atestado de pressuposta menoridade intelectual que irão, uma vez docentes, ter condições para assumi-la? Mal vai este reino quando a classe docente crê que uma das soluções para os problemas do ensino está na quebra da representatividade e democraticidade nas instituições.
 

 

Vamos a ver se nos entendemos. A culpa foi minha, com uma escrita apressada que induz em erro.

Em primeiro lugar, a minha referência a antigo dirigente associativo diz respeito a um aspecto específico que os meus comentadores não referem: o do rendimento escolar dos dirigentes associativos. Não tenho nada a acrescentar.

Quanto ao papel dos estudantes na governação universitária, com peso razoável, não tenho qualquer dúvida. Também quando era dirigente estudantil me bati por isso, embora, no salazarismo, apenas como bandeira de luta, em termos realistas.

O que eu quis dizer foi outra coisa muito diferente, a que os meus comentadores não responderam. A participação ou a sua percentagem é coisa tão sentida que motive manifestações importantes? Quando referi a apatia geral dos estudantes nos senados foi apenas para ilustrar que, a meu ver, é problema que agita mas que, de facto, não é muito sentido.

Podem centrar a discusão nesta perspectiva?
 

 

No meio desta discussão, um aspecto muito agradável. Estou convencido de que os comentários anteriores foram escritos por estudantes. Acredietm que fico muito contente por também ser lido por estudantes.
 

 

Bom, posso de facto concordar que esta não será a causa mais mobilizadora para os estudantes. Posso também admitir que os protestos de Atenas, foram motivados por agitadores da extrema esquerda que, como todos sabemos, têm uma agenda ulterior à gestão democrática das instituições própriamente dita.
Mas o que me deixa profundamente chocado, é ouvir professores Senadores (daqueles que não se cansam de nos dizer, que foram eles que lutaram contra o fascismo (parece que até neste respeito fazem questão de nos inferiorizar)) dizerem que faz todo o sentido do mundo, e mais algum, que os estudantes já não pertencem nos órgãos. Grandes Académicos!

Ass: O estudante do primeiro comentário.
 

 

Muito bem, isto está a ir por bom caminho, de discussão inteligente. Assim é que a gente se entnde.

A participação dos estudantes é fundamental a vários níveis. Logo ao da unidade curricular. Claro que não aceito que um aluno me queira dizer o que devo ensinar. Mas quantas conversas importantes tenho tido com eles, por exemplo, sobre a avaliação.

Mas, se passarmos à governação, o caso é muito diferente. Meus caros alunos, não fiquem ofendidos por eu achar que o vosso papel deve ser limitado. É que também acho que deve ser muito limitado o papel da maioria dos professores!

Já agora, uma curiosiadde. Em vez de escreverem anónimo, como é vosso direirto, peço que escrevam anónimo ULusófona ou anónimo-não ULusófona.
 

 

Nunca disse que um estudante pode decidir sobre questões cientificas. Aliás não acredito que algum Estudante se sinta no direito ou capacidade de o fazer. Mas é precisamente no que toca ao Governo e á Gestão (e nem sequer vou mencionar os aspectos pedagógicos) que os estudantes tal como os funcionários e os Docentes devem forçosamente continuar a ser ouvidos. O modelo social que preconizam as nossas Universidades assim o exige, pois entende todos estes elementos como parte integrante num processo construtivo da instituição. Encarar uns como prestadores de serviços e outros como seus consumidores, é na minha óptica, o fim da Universidade.
E se porventura é isto que se pretende. Então que acabe de vez esta charada e que venha, quem de direito, assumir que entende o Ensino Superior como ele é entendido, por exemplo nos EUA.
 

 

Esqueci-me de assinar

Ass: O estudante do primeiro comentário (Universidade de Coimbra)
 

 

Não tenho e nunca tive vontade de responder em blogues. Devido muitas vezes ao seu baixo nível e pouco conteudo. Vemo-me obrigado aqui a reformular e a falar...

Sou dirigente associativo e vivo de perto a reforma da Lei de Autonomia e participação estudanti. Queria lançar mais algumas questões que julgo ajudam à discussão séria e profiqua:

1. entendemos a Universidade como um serviço onde os alunos recebem o seu "tratamento" diário e portanto nada tem a opinar em relação á sua Governação?

2. consideramos que a participação dos estudantes nos Órgãos de Gestão e Senado Universitário é menor e menos conseguida que a dos Docentes?

3. estamos ou não estamos num caminho crescente e preocupante de alheamento da população pelas questões cívicas e participativas? e será ou não a presença de estudantes, bem como docentes e funcionários, uma mais-valia para lhes incutir espírito cívico?

Muito mais questões devem merecer a nossa preocupação mas fico-me por estas.

Em relação á primeira questão refuto essa noção mercantilista de Universidade. Para mim Universidade é o local do saber universal onde os mestres transmitem aos mais jovens a sua sabedoria e em que a inovação deve estar lado-a-lado com a vanguarda. Portanto, estudantes, professores e funcionários são a alma das Universidades, dão-lhe forma e moldam-na de acordo com a sua consciência e os seus ensinamentos passados. Abdicar disto é perscindir de parte importante da "nossa alma".

Em segundo lugar, falo pela minha universidade (Coimbra) onde estudantes participam de forma activa e construtiva. Lei de Autonomia deve respeitar a palavra Autonomia e permitir que as Insituições se governem de acordo com as suas especificidades e a sua história. Em COimbra, os estudantes apresentam soluções, discutem e dialogam na melhoria da sua instituições e são por isso parceiros indispensáveis. Porque não fazer uma avaliação dos membros dos conselhos. Estou certo que os estudantes, se lhes forem dadas responsabilidades, não ficarão nada mal nessa escala de competência. De quantos e quantos professores não conheço a voz depois de ter estado um ano no Senado? Bem mais do que os docentes em relação aos alunos desse órgão.

Finalmente, a participação cíviva. Tanto se fala de participar na Sociedade, de intervir no meio e de sermos responsáveis. Num local onde jovens podem assumir responsabilidades desde novos ganhar apetências para serem melhores cidadãos nada como se cortar essa voz para definitivamente cortar na democracia.

Muito obrigado por esta oportunidade.

Estudante da Universidade de Coimbra
 

 

A falar é que a gente se entende. Não vou referir-me ao 2º ponto do comentário de jpita porque não conheço o caso. No entanto, tive umaexperi~encia pessolo oposta.

Muito mais importante é a sua primeira questão, que diria de filosofia da educação superior. É muito claro para mim, e sempre o disse, que o estudante não é um mero consumidor de um produto (o que não quer dizer que também não o seja, para tudo o que hoje são os direitos e a defesa do consumidor).
 

 

 

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