22 de janeiro de 2007

 

Erasmus, o melhor programa europeu

Hoje vai uma nota pessoal, coisa deselegante mas creio que compreensível, neste caso. Dentro de dias, a encher-me a casa, regressa de Estocolmo o meu filho, estudante de engenharia informática, que lá estudou um semestre, ao abrigo do Erasmus. Há muito tempo que digo que o Erasmus é das melhores iniciativas da União Europeia. Agora, vejo isto na prática.

Fala-se muito da necessidade de "internacionalização" dos nossos jovens, futuros quadros a desempenhar um papel decisivo no sucesso ou insucesso da nossa posição na globalização. Parece-me ser evidente que essa internacionalização começa por ser europeização. Ela não se faz com discursatas políticas, com apelos à ideia de uma Europa unida que pouco diz a quem se limita em experiência real de vida a este rectângulo atlântico. O Erasmus é permitir alargar, no real, essa experiência de vida. É po risto, também, mas não vem agora ao caso desenvolver a ideia, que me bato pela generalização dos "postdoc" no estrangeiro.

Curiosamente, o meu filho e os seus amigos do engraçadíssimo "bando dos quatro" acabaram por não ter muito contacto com colegas suecos. Sabem muito da Suécia, mas pela experiência do dia a dia, coisas até bem divertidas de esperteza portuguesa em terras de gente fria. Grandes amizades, grandes conversas, troca de pontos de vista, foram com as dezenas de colegas "erásmicos" das mais variadas nacionalidades europeias. A língua de ensino, obrigatoriamente o inglês, pode afastar os estudantes suecos, porque os cursos são em paralelo e eles optam pelo curso em sueco. No entanto, garante o meu filho que o programa em inglês é tão bom ou melhor do que o programa em sueco. Eu não me importava nada que ele, agora quase regressado, tivesse todo o resto do seu curso em inglês.

No entanto, não há bela sem senão. O Erasmus, em Portugal (por exclusiva responsabilidade portuguesa, não culpo a CE), está longe de garantir um acesso largo e equitativo. Só há dias, quase no fim do semestre, é que me chamaram para assinar o contrato, necessário para o pagamento da bolsa e, mesmo assim, parece que só daqui a um mês ou dois. Felizmente, tenho uma situação económica que me permitiu sustentar a sua estadia, mas quantas famílias podem dizer o mesmo? Também o truque vulgar de dividir por duas cada bolsa, provavelmente com a boa intenção de abranger mais alunos. Não é verdade. Acaba por ser um factor de exclusão. No caso da Suécia de vida cara, por exemplo, a bolsa por inteiro mal cobre as despesas mínimas essenciais. Meia bolsa significa a exclusão de quem não tem pais que possam cobrir a outra metade.

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