24 de janeiro de 2007
Erasmus, o melhor programa europeu (II)
A completar o meu apontamento anterior, duas notas breves, avulsas, mas que julgo merecerem consideração.
1. Conversei sobre o Erasmus com os meus alunos da minha universidade privada. Muitos ficaram entusiasmados, mas a objecção foi geral. "Professor, com as propinas que pagamos, julga que os nossos pais ainda nos podem pagar isso?". Insisto no que já muitas vezes tenho escrito. Não pensem nos estudantes das privadas como meninos-família. Vão às cantinas e vejam o que eles comem (com excepção de umas, muito poucas, candidatas a tias de Cascais, que nunca me vão às aulas e que andam a namorar pelo bar com uma meia dúzia de meninos de carro caro, repetentes crónicos, que nunca deviam poder obter um diploma de licenciatura).
Merece ainda nota marginal lembrar que estes meus alunos, de ciências farmacêuticas, são bons alunos, com nota mínima de 14, que não conseguiram ir para a pública devido ao absurdo limite de entrada. Ainda ninguém me convenceu da correcção desses "numeri clausus", que me parecem ter muito de corporativo. O que é verdade é que, sempre que o ministério aperta as faculdades, por exemplo de medicina, há sempre aumento das vagas, sem grandes protestos.
2. Muitos sistemas europeus de classificação se baseiam numa escala de 4 ou 5 níveis de aprovação, como aliás é sugerido no sistema ECTS. Segundo sei, a transposição para a escala portuguesa obsoleta, de 0 a 20, faz-se em geral pelo mínimo da equivalência aritmética. Isto significa que um aluno possa ter sido aprovado numa disciplina com, por exemplo, A = 95%, o que daria logicamente 19, mas chega a Portugal e tem 16. Uma solução possível é que os alunos peçam aos seus professores estrangeiros que declarem qual foi a percentagem em que se basearam para o seu A. Não sei se vai servir para alguma coisa. Também é importante esclarecer que boa parte destes jovens se está "nas tintas" para as notas, no sentido de exibição de vaidades, mas o que têm é um grande sentido da justiça.
Nota final - Daqui a dias está cá o meu erásmico. Preparem-se para alguns apontamentos a quatro mãos, com contributo essencial de quem sabe por experiência feita. É a única maneira de se escrever acertadamente.
1. Conversei sobre o Erasmus com os meus alunos da minha universidade privada. Muitos ficaram entusiasmados, mas a objecção foi geral. "Professor, com as propinas que pagamos, julga que os nossos pais ainda nos podem pagar isso?". Insisto no que já muitas vezes tenho escrito. Não pensem nos estudantes das privadas como meninos-família. Vão às cantinas e vejam o que eles comem (com excepção de umas, muito poucas, candidatas a tias de Cascais, que nunca me vão às aulas e que andam a namorar pelo bar com uma meia dúzia de meninos de carro caro, repetentes crónicos, que nunca deviam poder obter um diploma de licenciatura).
Merece ainda nota marginal lembrar que estes meus alunos, de ciências farmacêuticas, são bons alunos, com nota mínima de 14, que não conseguiram ir para a pública devido ao absurdo limite de entrada. Ainda ninguém me convenceu da correcção desses "numeri clausus", que me parecem ter muito de corporativo. O que é verdade é que, sempre que o ministério aperta as faculdades, por exemplo de medicina, há sempre aumento das vagas, sem grandes protestos.
2. Muitos sistemas europeus de classificação se baseiam numa escala de 4 ou 5 níveis de aprovação, como aliás é sugerido no sistema ECTS. Segundo sei, a transposição para a escala portuguesa obsoleta, de 0 a 20, faz-se em geral pelo mínimo da equivalência aritmética. Isto significa que um aluno possa ter sido aprovado numa disciplina com, por exemplo, A = 95%, o que daria logicamente 19, mas chega a Portugal e tem 16. Uma solução possível é que os alunos peçam aos seus professores estrangeiros que declarem qual foi a percentagem em que se basearam para o seu A. Não sei se vai servir para alguma coisa. Também é importante esclarecer que boa parte destes jovens se está "nas tintas" para as notas, no sentido de exibição de vaidades, mas o que têm é um grande sentido da justiça.
Nota final - Daqui a dias está cá o meu erásmico. Preparem-se para alguns apontamentos a quatro mãos, com contributo essencial de quem sabe por experiência feita. É a única maneira de se escrever acertadamente.
Comentários:
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Não sei como se faz a correspondência na generalidade das universidades, mas espero que não seja pelo conversão aritmética. Na minha certamente não é: a conversão é sempre feita segundo as normas ECTS, agora transcritas no DL 42/2005. Se os alunos já trazem as notas ECTS o processo é fácil: ao A atribuímos a classificação correspondente à média das 10% melhores notas dos últimos três anos, e por aí adiante. Se não trazem, nós pedimos. E se não têm mesmo, pedimos os dados estatísticos. Como a generalidade das universidades com que lidamos já está familiarizada com o processo, cada ano tudo é mais fácil.
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