26 de janeiro de 2007
A entrevista de António Rendas (II)
Ao retardador, como gosto, porque a boa reflexão não é muito coisa de blogues sobre o momento, vou comentar a entrevista recente do novo reitor da Universidade Nova de Lisboa, António Rendas (Público, 19.1.2007).
Antes do mais, uma nota optimista. Se não me engano, os últimos reitores a serem eleitos foram os da UE, da UMinho, da UL, da UP e da UNL. Todos eles marcam diferença, e já vai mais de um terço do CRUP. Os tempos estão a mudar?
Sobre a entrevista, começo pela governação. A filosofia é boa, a formulação prática deixa-me com gosto a pouco. A valorização de um conselho consultivo é o mínimo dos mínimos. Mais do que isso é permitir os externos no senado. A meu ver, nenhuma das coisas adianta muito. Ou os externos são pessoas de alta qualidade, empenhadas, forçosamente desejosas de ver resultados do seu esforço, e então têm de estar num órgão de decisão política efectiva (e de "fund raising", cada vez mais importante!). Ou são ilustres semi-decrépitos, com quem o reitor ficará contente com umas conversas inteligentes num órgão consultivo ou com uma errática intervenção vinda do fundo da sala do senado. A terminar, pergunto-me, com total incapacidade de antecipação: como é que Rendas quer transformar um conselho consultivo num conselho de curadores?
Dou o benefício da dúvida, por conhecer bem a UNL e também Rendas. Talvez esrta sua moderação de proposta seja apenas um cuidado táctico. Ainda há bem poucos anos, a revisão dos estatutos da UNL ficou-se por pequenas alterações sem grande significado e, mesmo assim, foi difícil.
Outro aspecto muito importante da entrevista é o da aposta na pós-graduação e, muito especialmente, nos doutoramentos. Das três universidades públicas de Lisboa, a UNL é a menos massificada e a que tem, embora sem enorme diferença, um rácio maior de professores qualificados para estudantes. Bom par de ases. No entanto, duvido do impacto financeiro de uma aposta nos doutoramentos. Os ridículos "bench fees" da FCT? Ou propinas? Isto sim, mas tem de ser em verdadeiros programas de 3º ciclo, com impacto científico e profissional/empresarial.
Finalmente, uma pequena questão caseira, mas cuja importância conheço, na UNL, a da localização da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Não sei qual era a posição do anterior reitor, Leopoldo Guimarães, mas discuti muito isso no reitorado precedente, pré-Guimarães, de um reitor obstinado, contra todo o bom senso e o conselho da secção permanente do senado,reitor esse que só via a FCSH na Caparica. Rendas propõe a sua instalação no campus de Campolide. Presumo que haja lugar físico, num jogo complicado de permutas de terrenos municipais de que já não me lembro bem. Parece-me uma solução muito boa, reunindo tudo o que a UNL tem de ciências humanas e sociais, economia e gestão, direito, geografia, agora as humanidades.
António Rendas, meu caro amigo, os melhores votos de sucesso. Já agora, que a FCMédicas no Hospital de Todos os Santos também ainda seja no seu reitorado.
Antes do mais, uma nota optimista. Se não me engano, os últimos reitores a serem eleitos foram os da UE, da UMinho, da UL, da UP e da UNL. Todos eles marcam diferença, e já vai mais de um terço do CRUP. Os tempos estão a mudar?
Sobre a entrevista, começo pela governação. A filosofia é boa, a formulação prática deixa-me com gosto a pouco. A valorização de um conselho consultivo é o mínimo dos mínimos. Mais do que isso é permitir os externos no senado. A meu ver, nenhuma das coisas adianta muito. Ou os externos são pessoas de alta qualidade, empenhadas, forçosamente desejosas de ver resultados do seu esforço, e então têm de estar num órgão de decisão política efectiva (e de "fund raising", cada vez mais importante!). Ou são ilustres semi-decrépitos, com quem o reitor ficará contente com umas conversas inteligentes num órgão consultivo ou com uma errática intervenção vinda do fundo da sala do senado. A terminar, pergunto-me, com total incapacidade de antecipação: como é que Rendas quer transformar um conselho consultivo num conselho de curadores?
Dou o benefício da dúvida, por conhecer bem a UNL e também Rendas. Talvez esrta sua moderação de proposta seja apenas um cuidado táctico. Ainda há bem poucos anos, a revisão dos estatutos da UNL ficou-se por pequenas alterações sem grande significado e, mesmo assim, foi difícil.
Outro aspecto muito importante da entrevista é o da aposta na pós-graduação e, muito especialmente, nos doutoramentos. Das três universidades públicas de Lisboa, a UNL é a menos massificada e a que tem, embora sem enorme diferença, um rácio maior de professores qualificados para estudantes. Bom par de ases. No entanto, duvido do impacto financeiro de uma aposta nos doutoramentos. Os ridículos "bench fees" da FCT? Ou propinas? Isto sim, mas tem de ser em verdadeiros programas de 3º ciclo, com impacto científico e profissional/empresarial.
Finalmente, uma pequena questão caseira, mas cuja importância conheço, na UNL, a da localização da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Não sei qual era a posição do anterior reitor, Leopoldo Guimarães, mas discuti muito isso no reitorado precedente, pré-Guimarães, de um reitor obstinado, contra todo o bom senso e o conselho da secção permanente do senado,reitor esse que só via a FCSH na Caparica. Rendas propõe a sua instalação no campus de Campolide. Presumo que haja lugar físico, num jogo complicado de permutas de terrenos municipais de que já não me lembro bem. Parece-me uma solução muito boa, reunindo tudo o que a UNL tem de ciências humanas e sociais, economia e gestão, direito, geografia, agora as humanidades.
António Rendas, meu caro amigo, os melhores votos de sucesso. Já agora, que a FCMédicas no Hospital de Todos os Santos também ainda seja no seu reitorado.
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