28 de novembro de 2006

 

Prós e Contras

O debate de ontem na RTP vai dar pano para mangas. Anotei dezenas de páginas do meu bloco, tenho de as trabalhar. Para já, apenas aquela habitual classificação futebolística dos principais protagonistas.

Começo por um que não estava no palco, Adriano Moreira. Em muitas coisas da vida, em nada me identifico com ele. No entanto, há uma coisa que sobreleva muitas outras. É, indiscutivelmente, um grande senhor. E, também por isto, alguém que não tolera ofensas de garotice.

Mariano Gago. Escrevi que só compreendia por infantilidade política ou por irresistibilidade às câmaras é que um ministro fosse a um programa destes, nas actuais circunstâncias. Sócrates, telefone-lhe hoje com um puxão de orelhas. Para ser totalmente objectivo, proponho-vos um simples exercício, se gravaram o programa. Façam captações de imagens do ministro, ao longo do programa. A cara diz tudo, não é preciso dizer mais nada. Muito deve ele ter sofrido, vê-se pela expressão, mas foi merecido. Tentou ainda ganhar naquilo que se sabe ser fundamental em qualquer debate politico, a intervenção final. Já estava destroçado, saiu morna e, ainda por cima, fiasco total, deixou-se ser interrompido por António Nóvoa. Por duas vezes, fez a este o favor de o destacar, dizendo que não estava ali para discutir só com António Nóvoa, coisa de principiante em debates. Escrevi ontem que JMG é mau ministro. Hoje vi também, contra o que supunha, que também é politico primário. Então, Sócrates?

Luís Moniz Pereira, a minha surpresa deste programa, amigo meu muito estimado. Alguém percebeu a que título estava ali? Por respeito para com essa amizade, vou calar tudo o que poderia escrever sobre este frete de factotum do ministro, sem ao menos poder transmitir eficazmente alguma das boas ideias que tem. Até ouviu sem responder uma verrinada feroz do seu reitor.

Lopes da Silva. A esquecer, representou, em redondeza de discurso, o que é mais característico do CRUP, que representa. Alguém recorda alguma coisa que ele tenha dito ao longo de duas horas de programa? Ouvi breves intervenções de reitores, com que concordei, vi as expressões bem significativas dos que não falaram. Estavam a rever-se no presidente do CRUP?

António Nóvoa. À Eusébio, já que falei de futebol, marcou todos os golos possíveis, mesmo de ângulos difíceis. Boa telegenia, discurso rigoroso mas facilmente entendível, sentido do momento oportuno para a interrupção, com a luz vermelha da câmara a passar para ele. Acima de tudo, a coragem de dizer claramente ao ministro que a sua governação tem sido nada, principalmente por omissão. Temos homem!

Triunfante, como disse, na capacidade de destruir a intervenção final triste do ministro. Falava este, pomposamente, da necessidade de revisão do modelo de governação, surge ao espectador a interrupção de Nóvoa, lembrando o refúgio do ministro no parecer da OCDE, ao que ele teve de responder com uma coisa balofa sobre a importância das instâncias internacionais, coisa que o telespectador portuguesinho muito aprecia. Logo a seguir, outro aperto ao brilharete final do ministro, a propósito do ECDU. Até fiquei com pena do ministro, sou coração ternurento.

Escrevi ontem um apontamento a dizer, afinal, "Sr. Ministro, demita-se". Julguei que era bomba, mas, comparado com o que é dito pelo reitor de uma das maiores universidades portuguesas, fica simples petardo. Creio que, para o telespectador comum, o que ficou foi "Sr. Ministro, o que fez até agora? Nada!".


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