9 de outubro de 2006
A transição para Bolonha
Esta história verídica mostra as confusões que por aí vão sobre Bolonha. Uma jovem acabou o primeiro ano de uma licenciatura actualmente de 5 anos. Foi agora inscrever-se para o próximo ano lectivo e só tinha uma escolha: ou se inscrevia no segundo ano, prosseguia o currículo anterior , daqui a 4 anos, saía licenciada; ou se inscrevia no 1º ano do curso novo, de licenciatura de 3 anos, prosseguindo depois para o mestrado. Neste caso, ficaria mestre daqui a 5 anos.
Ao contrário do estipulado no DL 74/2006, não estão previstas nenhumas regras de transição. Não é caso único. Mais surpreendente, ninguém conseguiu informar a jovem sobre se lhe seriam reconhecidas para o novo primeiro ano as disciplinas, agora unidades curriculares, já concluídas o ano passado.
O pai dessa jovem consultou-me. em primeiro lugar, perguntava-me se isto era legal. Tive dúvidas em responder, atendendo ao grau de generalidade do que se diz no decreto quanto à transição e ao facto de, para todos os efeitos o curso já ter sido registado. Uma coisa, todavia, é certa. Fui ao sítio do curso e não há a menor informação sobre a transição. Nem se garante a continuação futura para um futuro mestrado, no esquema de dois ciclos, porque o actual mestrado ainda não está registado como adequado a Bolonha. Bom exemplo de transparência, numa das principais escolas deste pais.
Pedia-me também conselho sobre a escolha, em termos de competitividade no mercado de trabalho. A resposta foi simples em termos de reconhecimento profissional, porque se trata de uma engenharia qualquer das duas possíveis formações totais de 5 anos será reconhecida pela Ordem. Mas o emprego? Coisa difícil. Alguém imagina como é que o mercado de trabalho vai reagir ao esquema em dois ciclos? Já escrevi muitas vezes que um dos vícios principais de Bolonha à portuguesa é ter deixado completamente de fora do estudo e da discussão a sociedade, com relevo para os empregadores. Mas é lógico, da universidade é a universidade que sabe e só ela.
Nota final – sobre este último parágrafo, penso muitas vezes numa coisa que aí vem, inevitavelmente, a revisão das carreiras da função pública em função dos novos graus. Por enquanto, ninguém se atreve a falar nisto, mas os sindicatos não são complacentes. Nessa altura, os governantes do sector da educação superior vão ter de ser políticos e não só universitários. Quero ver como descalçam a bota. Eu adivinho, mas ainda vou tendo algum optimismo utópico.
Ao contrário do estipulado no DL 74/2006, não estão previstas nenhumas regras de transição. Não é caso único. Mais surpreendente, ninguém conseguiu informar a jovem sobre se lhe seriam reconhecidas para o novo primeiro ano as disciplinas, agora unidades curriculares, já concluídas o ano passado.
O pai dessa jovem consultou-me. em primeiro lugar, perguntava-me se isto era legal. Tive dúvidas em responder, atendendo ao grau de generalidade do que se diz no decreto quanto à transição e ao facto de, para todos os efeitos o curso já ter sido registado. Uma coisa, todavia, é certa. Fui ao sítio do curso e não há a menor informação sobre a transição. Nem se garante a continuação futura para um futuro mestrado, no esquema de dois ciclos, porque o actual mestrado ainda não está registado como adequado a Bolonha. Bom exemplo de transparência, numa das principais escolas deste pais.
Pedia-me também conselho sobre a escolha, em termos de competitividade no mercado de trabalho. A resposta foi simples em termos de reconhecimento profissional, porque se trata de uma engenharia qualquer das duas possíveis formações totais de 5 anos será reconhecida pela Ordem. Mas o emprego? Coisa difícil. Alguém imagina como é que o mercado de trabalho vai reagir ao esquema em dois ciclos? Já escrevi muitas vezes que um dos vícios principais de Bolonha à portuguesa é ter deixado completamente de fora do estudo e da discussão a sociedade, com relevo para os empregadores. Mas é lógico, da universidade é a universidade que sabe e só ela.
Nota final – sobre este último parágrafo, penso muitas vezes numa coisa que aí vem, inevitavelmente, a revisão das carreiras da função pública em função dos novos graus. Por enquanto, ninguém se atreve a falar nisto, mas os sindicatos não são complacentes. Nessa altura, os governantes do sector da educação superior vão ter de ser políticos e não só universitários. Quero ver como descalçam a bota. Eu adivinho, mas ainda vou tendo algum optimismo utópico.
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