6 de outubro de 2006

 

Porque é que os estudantes de Coimbra estão contra Bolonha?

À beira do fim de semana, apetece um apontamento leve. Eu julgava que sabia alguma coisa de Bolonha, até me ter apercebido de um problema em que ainda não tinha pensado e para que, há dias, em Coimbra, me chamaram a atenção. Bolonha tem consequências gravíssimas e inaceitáveis para a praxe coimbrã!

Os que por lá passaram lembram-se de que toda a praxe está codificada em função dos seis níveis de estudantes: calouros, semiputos, putos, quartanistas, fitados, veteranos. Já a redução da duração de muitas licenciaturas para quatro anos subverteu isto, mas agora? Semiputos a queimarem o grelo?! Putos a usarem pasta com fitas?! Definitivamente, recusemos Bolonha, porque há outros valores mais altos que se alevantam.

No entanto, como me acontece com frequência nestes escritos, começo a brincar e acabo a sério. A velha praxe coimbrã, a que fui sujeito sem grande vexame, assenta na cultura e na primazia do veterano. Sabem o que isto é? É aquele que já tem mais matrículas dos que as necessárias para completar o curso. E a autoridade praxística máxima, o dux, é o mais veterano dos veteranos. Isto pode parecer picuinha, mas é a cultura boémia da valorização do insucesso escolar. Ela ganha-se nos bancos da universidade e sedimenta depois na sua variante, para a vida, da cultura da não exigência. Assim, faltará sempre cumprir Portugal.

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